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Enquanto o executivo encontrava a casa nova tinindo, a empresária Natália Rosin, 26, começava a garimpar caixas de supermercado com o marido para empacotar sua mudança da Vila Mariana para o Sacomã, ambos na região sul, ocorrida no primeiro fim de semana de março.

Entre esses dois extremos estão milhares de pessoas que transportam suas vidas em caminhões na cidade de São Paulo. Não há números precisos sobre a movimentação desse tipo de veículo na cidade. A Secretaria Municipal de Transportes informou que 8.081 caminhões e utilitários têm autorização específica para circular fazendo mudanças em zonas restritas da cidade. Isso representa 30% do total de 27 mil autorizações concedidas.

Na hora de mudar, para o bairro vizinho ou para outro hemisfério, o trabalho que o morador terá vai depender de organização, dinheiro, tempo, ajuda e desapego.

Ter o mínimo possível na mudança de São Paulo para Sunnyvale, na Califórnia, era a meta do casal Violeta Metsavaht Croda e Marcelo Novaes, ambos de 30 anos. Foram mais de três meses de preparação até o embarque, há três semanas. Como ele foi chamado para trabalhar na sede do Yahoo! como designer, a empresa ajudou com a documentação.

Para se livrar da mobília e outros objetos, a dupla criou um site que vendia de aspirador de pó a poster do Brad Pitt.

O que não foi vendido foi doado ou negociado em sites como Mercado Livre e Bom Negócio. "Contratamos uma empresa de mudança que só enviou o básico para os EUA: livros, discos e roupas", diz Violeta, que pediu demissão da Osklen, marca da sua família.

Vencido o desafio de esvaziar o imóvel, outra dificuldade foi saber como embarcar Steve, o cão da raça galgo de um ano e meio do casal. Para exportar o animal, tiveram de contratar um agente de cargas e comprar um canil. "Ele chegou assustado, cansado e imundo, mas bem. Hoje é o cãozinho mais feliz do planeta, saltitando atrás de esquilos", conta a dona.

Um empresário que vai se mudar da Cidade do México para São Paulo dá um recado à transportadora que contratou: "Vou para um hotel e, quando chegar, quero até o sabonete na saboneteira".

DESENCAIXE
Adepta do faça você mesmo nos negócios --ela é dona do site Tanlup, que agrega vendedores virtuais de manufaturados--, Natália Rosin, citada no início deste texto, fez o mesmo com sua mudança. Garimpou caixas de papelão em supermercados e, juntamente com o marido, empacotou tudo aos poucos.
A filha dela, Cecília, 3, acompanhou de perto e achou uma farra. No final, acabou ganhando um submarino feito com uma das caixas. "Se não for possível mandar as crianças para a casa de parentes, faça do evento uma grande festa. Para eles, será folia e diversão", diz a organizadora Daisy Khappaz, da Hubby.
Ao todo, Natália gastou cerca de R$ 700 com carreto e material --o orçamento é um dos mais baixos possíveis, já que empresas especializadas cobram a partir de R$ 2.000. "O mais legal foi poder eliminar tudo o que a gente não precisava mais", conta.
Segundo Daisy, o maior erro que uma pessoa pode cometer quando vai se mudar é fazer drama. "Para ser bem-sucedido, basta planejar bem e praticar o desapego. Há coisas que devem ser descartadas".
Natália se mudou sem estresse, mas, passado um mês, ainda acumula parte de seus pertences em caixas. "Eu e meu marido trabalhamos e não tivemos tempo de tirar tudo, estamos indo aos poucos."

Apesar de o acúmulo de caixas depois da mudança ser a "coisa mais normal", Daisy afirma que o processo só pode ser considerado completo após tudo ser desempacotado.

"Se uma caixa fica mais de dois meses fechada é porque o que está dentro dela não faz diferença para o dono", avalia a organizadora, que também oferece ajuda para recém-casados.

CAOS

Mãe de uma menina de cinco meses, a administradora de empresas Rúbia Pela, 33, deveria ter se mudado com a família para o apartamento novo, na Vila Mariana, região sul, antes do nascimento da filha.

Como a entrega do imóvel atrasou, o bebê teve a primeira noite em seu bercinho só na semana passada.

Ela e o marido já haviam entregue o imóvel anterior, alugado, e a estadia na casa da cunhada, programada para ser de duas semanas, acabou se transformando em três meses.
Com tantos imprevistos, o jeito foi pedir ajuda à organizadora Vera Corradi, que passou dez dias no imóvel desencaixotando e arrumando tudo.

Poucos dias antes da mudança, o imóvel tinha 12 pessoas trabalhando com obras, reparos, limpeza e organização. "O prédio todo está em obras, estamos com alergia, é uma coisa de louco. Não sei como minha filha vai dormir aqui com esse barulho todo", afirmou Rúbia, olhando o berço da menina. Passados dez dias, o apartamento ainda precisa de alguns ajustes, mas já está com "cara de casa".

Difícil é ter uma mudança que transcorra sem problemas. "Imagine um caminhão indo para Manaus, em que um sujeito desmontou tudo em São Paulo, mas quem irá montar lá é outro, sem saber sequer onde estão as peças? Confusão na certa. Por isso, mando sempre o ajudante", diz Manuel Augusto Vicente, dono d'A Lusitana, no mercado desde 1921.

Para evitar copos quebrados, a Granero, que chega a fazer até 350 mudanças por mês só na capital, coloca mulheres, tidas como mais cuidadosas, para embrulhar louças, vidros e cristais dos clientes.

Quando a reportagem acompanhou uma mudança da empresa, em Perdizes, na região oeste, funcionários contaram casos pitorescos, como o da geladeira embalada cheia de ovos na porta e do gato que, escondido no forro de um sofá, foi transportado para o guarda-móveis sem que a dona desse falta do bicho.

QUEM CARREGARÁ O PIANO?

A professora de canto Flavia Albano de Lima, 29, tem urticárias ao ouvir falar em mudança. Em 2012, quando foi da casa da mãe para o apartamento próprio, na Aclimação, região sul, pensou no menor preço ao negociar o transporte de seu piano de armário."Me arrependi assim que o cara chegou. Ele tinha uma Pampa. Imagine seu filho sendo levado por um estranho sem o menor cuidado, subindo ladeiras."

Inicialmente contratado por R$ 300, o serviço chegou a R$ 700, sem contar o afinador. Como o piano não entrava no elevador, foi de escada: a cada andar subido eram mais R$ 100. Depois, o instrumento não passava na porta, então o jeito foi desmontá-lo. "Este piano jamais sairá daqui", sentencia Flavia.

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